quinta-feira, 1 de outubro de 2009

GREGORI WARCHAVCHIK

Formado na Itália, chega ao Brasil em 1923 já com um repertório moderno relativamente consolidado. É o elo fundamental entre arquitetura e modernismo no Brasil. Não apenas pela acolhida no seio do movimento modernista, mas sobretudo pelo significado atribuído à sua obra arquitetônica em um momento decisivo de realinhamento das vanguardas no país — metonímia de um momento construtivo mais amplo na história cultural no modernismo brasileiro.

No manifesto de 1925, Acerca da Arquitetura Moderna, prega a contenção lógica, a racionalidade da construção e os princípios de economia e funcionalidade como orientadores da arquitetura moderna, ou modernista:


"Construir uma casa a mais cômoda e barata possível, eis o que deve preocupar o arquiteto construtor de nossa época de pequeno capitalismo, onde a questão da economia predomina sobre todas as demais. A beleza da fachada tem que resultar na racionalidade do plano de disposição interior, como a forma da máquina é determinada pelo mecanismo que é a sua alma.

...O arquiteto moderno deve amar sua época, com todas as sua gandes manifestações do espírito humano, como a ama o pintor moderno, compositor moderno ou poeta moderno, deve conhecer a vida de todas as camadas da sociedade. Tomando por base o material da construção de que disposmos, estudando-o e conhecendo-o como os velhos mestres conheciam a sua pedra, não recebeando exibi-lo no melhor aspecto do ponto de vista de estética, fazendo refletir em sua obra as idéias de nosso tempo, a nossa lógica, o arquiteto moderno saberá comunicar à arquitetura um cunho original, cunho "nosso", o qual será talvez tão diferente do clássico como este é do gótico."

A década de 1930 constitui um momento de maturidade e consagração na carreira do arquiteto. O projeto da Casa Modernista, a ousadia que cerca sua concepção e o evento que a acompanha são as provas mais evidentes da maturidade do arquiteto. Aí as possibilidades oferecidas pelos novos materiais da sociedade industrial - ferro, vidro e concreto armado - e a idéia de que a beleza é resultante das soluções lógicas e técnicas ditadas pela funcionalidade se apresentam de forma integral.
Consagrada como a primeira casa modernista no Brasil, a casa da Rua Santa Cruz, residência do próprio arquiteto, destituída de qualquer ornamentação e formada por volumes prismáticos brancos, a obra era tão impactante para a época que, para conseguir obter aprovação junto à prefeitura, o arquiteto apresentou uma fachada toda ornamentada, e quando concluiu a obra, alegou falta de recursos para completá-la. Além da edificação, mereceu destaque o jardim, projetado por Mina Klabin, devido ao uso pioneiro de espécies tropicais.

"Não querendo copiar o que na Europa está se fazendo, inspirado pelo encanto das paisagens brasileiras, tentei criar um caráter de arquitetura que se adaptasse a esta região, ao clima e também às antigas tradições desta terra. Ao lado de linhas retas, nítidas, verticais e horizontais, que constituem, em forma de cubos e planos, o principal elemento da arquitetura moderna, fiz uso das tão decorativas e características telhas coloniais e creio que consegui idear uma casa muito brasileira, pela sua perfeita adaptação ao ambiente. O jardim, de caráter tropical, em redor da casa, contém toda a riqueza das plantas típicas brasileiras." afirma Gregorio.


Observa-se na foto ao lado, a predominância do cubo volumetrico central que se estende para as asas laterais, definindo a composição em simetria tripartida. Os cheios se sobresaem sobre os vazios reiterando o carácter de massa construída, sólida do ediício, que oferece superficies lisas e brancas, interrompidas apenas pelas áreas de sombra das potas e janelas.







Outras obras:

Casa da Rua Itaiopólis(1929/1930)

Nessa casa reaparece , com domensões relativamente maiores, o cubo como elemento articulador da construção. Trabalando mais ousadamente a idéia de romper as arestas sóbrias do paralelograma , faz brotar na superficie frontal e lateral dois planos achatados e perpendiculares cujas espessuras diferentes ampliam a dramacidade do diialogo com o bloco principal, na tentativa de quebra de sua integridade. entretanto o volume primário e elementar não se esfaceia nesse confronto , ao contrário, encanta pela alvidez com que se mantém.


Casa Max Graf( 1928/1929)

De fato, é efetivamente esta lógica racional o fator dominante no pensamento presente na conpecção da casa da rua Melo Alves. Nela acontece a adoção inequívoca da linguagem abstrata, desaparecendo, em contrapartida, qualquer vestígio de elementos figurativos. O motivo adotado é o cubo, na sua qualidade de sólido geométrico puro, constituído por linhas elementartes, e que aqui acomoda de forma funcional e rigorosa todas as atividades concernentes a uma residência de porte médio.
A nitidez do cubo se contrapõe o terraço que, além de cindi-lo em duas partes iguais na sua face fronteira, acinzentado o branco da parte inferior por efeito da sua sombra, alonga-se para fora de seus limites em quase 1/3, e finaliza em uma parede da mesma espessura que, por ser naturalmente paralela à casa, cria um cubo virtual.


Casa da Rua Bahia(1930)
















Dois cubóides de dimensões distintas e ambos com uma altura bem acentuada, interpenetram-se criando profundidade diversas e desníveis espaciais, sendo que estes são ocupados por terraços-jardim.
A fachada quase monástica para a rua Bahia oferece dois volumes desiguais dispostos um ao lado do outro, e cujo aspecto monolítico só é rompido, no maios, por uma espécie de janela estreita que o rasga lateral e verticalmente, reforçando e indicando o vetor de altura da construção.

Casa Silva Prado Neto(1931)
Ao contrário da solução vertical, aqui o elemento adotado é o paralelepípedo. Trata-se de uma variação perfeitamente previsível dentro do horizonte de especulação de Warchavchik.
Assim somado a esse novo motivo geométrico, desaparecem as proposições gráficas que faziam com que as superfícies construídas funcionassem com plano/ suporte/ tela.
O volume solidamente ancorado no solo é rompido, o que cria profundidade distintas, enquanto que algumas das superfícies opacas das paredes cedem lugar aos grandes panos de vidro.

Acadêmicas: Sibele e Marcia

5 comentários:

  1. Na casa de Max Graf, da rua Melo Alves, destaca-se o uso do concreto armado e a substituição da varanda pela marquise. Aí, os princípios da arquitetura racionalista se cumprem de modo mais decidido. Uma época que constitui um momento de maturidade e consagração na carreira do arquiteto.

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  2. Pode-se notar que Gregori Warchavchik possui um grande número de obras modernistas que ficaram evidentes. Como cita o texto, até mesmo sua residência faz parte desta arquitetura.

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  3. Gregori Warchavchik traz o modernismo para o Brasil em grande estilo, na época ainda se usava, muito o clássico, no começo foi um choque, mas depois foi um avanço para arquitetura no Brasil.

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  4. Interessante avaliar, as formas muito ousadas, trazidas por Gregori, na época! Estas formas mais cúbicas, e que até hoje são adicionadas a arquitetura local, fazem elevar a imaginação, para qual sentimento que as mesmas causavam nas pessoas da época, somente acostumadas em ver edifícios neoclassicos. Assim, fazem dele um exemplo de visinário, muito bem inserido no contexto modernista do Brasil.

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  5. Um dos primeiros modernistas do país, é claro a preocupação das construções em série uma das idéias principais do modernismo,e interessante ver que mesmo sendo europeu, fazia uma obra com o jeito brasileiro, ao contrário do que se fazia até entao.

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