quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Lucio Costa




A presença de Lucio Costa (imagem ao lado) contribuiu decisivamente para que a arquitetura brasileira, entre os anos 30 e 60, fosse uma das expressões mais vivas e respeitadas da nossa cultura. Sua atuação lúcida e contínua ao longo do século XX determinou novos rumos e estabeleceu critérios, estruturando o movimento moderno no país.



Formou-se arquiteto na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro em 1924. No início de sua carreira fazia a arquitetura eclética em voga na época, e foi o arquiteto mais prestigiado do movimento neocolonial. Entretanto, em 1924, uma viagem à Diamantina o colocou diante da pureza e da simplicidade da arquitetura civil do período colonial – tão distante dos projetos que então fazia. Cinco anos depois mudou radicalmente o rumo de sua atuação profissional, rompendo com o movimento neocolonial e procurando a linguagem plástica correspondente à tecnologia construtiva do seu tempo.


Em 1930 foi incumbido pelo governo Vargas da reformulação do ensino na Escola Nacional de Belas Artes. A partir de então, sua presença foi fundamental na eclosão e consolidação da arquitetura moderna brasileira – em 1936, com o projeto do Ministério da Educação e Saúde, quando conseguiu a vinda de Le Corbusier ao Brasil e sua permanência por 4 semanas entre nós, e em 1938 com o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York, com a colaboração de Oscar Niemeyer. Nessa época, a defesa da “boa causa” da arquitetura passou a ter, para Lucio Costa, sentido de “missão”.



Em 1937 ingressou Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, onde permaneceu até se aposentar, em 1972. Assim, contribuiu decisivamente para o estabelecimento do diálogo e do vínculo entre tradição e modernidade que caracteriza a nossa arquitetura, e se evidencia em seus projetos a partir dos anos 40.



Em termos de urbanismo, foi responsável por várias intervenções pontuais no Rio de Janeiro, e quando venceu o concurso público para o Plano Piloto da Nova Capital, em 1957, já dispunha de uma sólida bagagem, o que lhe permitiu responder à altura o desafio, “inventando” a cidade sob medida para a situação. Em muito pouco tempo, Brasília adquiriu personalidade própria, e é o único bem contemporâneo considerado pela UNESCO patrimônio cultural da Humanidade.



Mas a atuação de Lucio Costa não se restringe à sua área profissional: juntamente com os companheiros de geração atuando em outras áreas, seu pensamento livre e abrangente, interessado em arte, filosofia, sociedade, política, contribuiu na própria formação da identidade brasileira.


Pensamentos.


“A única coisa do planejamento é que as coisas nunca ocorrem como foram planejadas.”


"A boa arquitetura de um determinado período vai sempre bem com a arquitetura de qualquer período anterior - o que não combina com coisa nenhuma é a falta de arquitetura"


"Não sou, jamais fui, modernista. Aliás, tenho horror a esse conceito que me soa falso, mas sempre participei dos movimentos de renovação válida."


"O céu é o mar de Brásilia."



Lucio Costa


Algumas Obras


Plano Piloto de Brasília (1957)

O projeto para a nova capital do Brasil pode ser resumido como o entorno de dois eixos, com dois terra plenos e uma plataforma central, a estação rodoviária. Com o arqueamento de um dos eixos define-se uma área urbanizével triangular, forma que se rebate no desenho da praça dos três poderes. Um eixo é chamado de monumental, abrigando as funções cívicas e políticas da cidade. O outro e chamado de rodoviário residencial, pois concentra as áreas de moradia e circulação motorizada. Ao longo dele estão as super-quadras, conjuntos de quatro quadras de 300 m de lado envolvidas por densa vegetação, e ocupadas por edifícios lineares de seis pavimentos sobre pilotis, formando uma “vizinhança” servida de infra-estrutura de serviços e comercio para a comunidade.











Residência Saavedra, Petrópolis, Rio de Janeiro (1942)

Construída para o Barão de Saavedra, esta casa tem a escala de uma sede de fazenda, com duas grandes alas de dormitórios, e pisos de mármore e pinho-de-riga. Combina elementos radicionais como venezianas, telhas-canal e balaustradas, com uma volumetria rigorosamente moderna, suspensa sobre pilotis. Seu partido e a maneira contundente de situar varandas e alpendres nas extremidades dessas alas destacando a varanda central de estar da volumetria da casa tanto pela inversão da cobertura como pela riqueza decorativa linear dos seus fechamentos.












Ministério da Educação e Saúde Pública (1936)

O edifício do ministério (atual Palácio Gustavo Capanema) representa o advento da arquitetura moderna brasileira, sob influencia direta de Le Corbusier. Além de primeira realização mundial Curtain Wall, fachada de vidro orientada para a fase mês exposta ao sol, representou também a primeira aplicação em grande escala do brise-soleil, inventado três anos antes pelo arquiteto franco-suíço. No caso essas laminas moveis alem de propiciarem uma boa regulação de luminosidade, evitam a transmissão de calor para o interior do edifício, pois seu afastamento da fachada permite uma livre circulação de ar ao longo da mesma. As divisórias internas a meia altura, proporcionam uma boa ventilação cruzada também facilitada pela diferença de temperatura entre as fachadas norte e sul. A volumetria do edifício configura-se com o cruzamento de um corpo horizontal, implantado ao longo da Rua Imprensa, e um corpo vertical de quatorze andares recuados em relação aos limites do lote, tornado a quadra térrea uma praça edificada.






Referências

WISNIK, Guilherme. Lucio Costa. 2. ed. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. 127 p.

Fonte:
http://www.casadeluciocosta.org/. Acesso em: 30 de setembro de 2009.


Acadêmicos: Marcelo Levandowski
Rafael Albano Hinke
































10 comentários:

  1. O Ministério da Educação e Saúde na verdade foi um trabalho de um grupo de arquitetos, que por sua vez foram liderados por Lucio Costa. E com certeza foi um marco da arquitetura moderna no Brasil.

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  2. Interessante a forma como ele lida com os espaços abertos. Como por exemplo o Ministério da Educação e da Saúde, na qual sua estrutura esta toda apoiada por pilotis.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Vale lembrar que Lucio Costa foi um dos grandes mentores para a preservação do patrimônio histórico e artístico nacional e que a casa Saavedra é tombada incluindo os jardins, a residência principal entre outras partes do sítio.

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  5. “A única coisa do planejamento é que as coisas nunca ocorrem como foram planejadas.” Essa frase de Lucio, mostra o que aconteceu com Brasilia, nos anos iniciais do plano piloto tudo estava funcionando de acordo com a época ocorrida, mas como a evolução da humanidade é constante, esse plano piloto acaba tendo e adaptações e necessidades diferentes. Fazendo assim lugares publicos ociosos, desocupação de locais já utilzados. Tudo é um processo. E temos que estar aptos a sentir essa necessidade de mudança.

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  6. Como disse Palmirinha Onofre, cozinheira da casa de Juscelino Kubitschek hoje com um programa de Culinária na TV GAZETA, o Lucio Costa quando ia lá, gostava do pure de batata doce, se não tivesse na mesa ele me pedia e eu ia correndo fazer. Lucio costa foi um arquiteto político, e seu maior feito foi o planejamento de Brasília, professor de Oscar Niemeyer, logo percebeu a capacidade do jovem Arquiteto e o chamou para fazer as principais obras de Brasília. Apesar de ser hoje críticado pelo não mais funcionamento de Brasília. Lúcio Costa deixou sua marca e uma referência. Oscar Niemeyer fala " Os arquitetos hoje no Brasil são muito mais de resolver problemas do que previni-los, falta planejamento Urbano e se o Brasil quer entrar para o seleto grupo dos paises desenvolvidos, além de resolver questões sociais, precira de um avançado Planejamento Urbano".

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  7. Um dos grandes pensadores urbanísticos deste país, Lucio Costa, tras sua arquitetura, apesar de não querer ser chamado de modernista, no caso de Brasilia, uma obra de planejamento futurístico, em uma época, onde a crescente dos automóveis no pais se expandia com grande impacto, a cidade foi planejada, para atender uma demanda enorme de veículos, que apesar de vantajoso, outro lado em questão, a setorizaçao dos espaços, em virtude do automóvel, apresenta-se como dificuldades no deslocamento individual de cada pessoa.

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  8. Lucio Costa, teve suas obras ofuscadas pelo plano piloto de Brasília, que foi sua obra mais conhecida, porém Lucio Costa teve um papél importante no pensamento na arquitetura nos anos 50 a diante.

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  9. Lucio Costa teve um papel importantente na arquitetura moderna brasileira. Em suas obras podemos observar uma característica marcante em sua arquitetura: os pilotis. Seu pensamento já estava muito a frente de sua época. Sendo um dos principais precursores do movimento moderno no Brasil.

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  10. Mais que um arquiteto urbanista muito importante na história da arquitetura , Lucio Costa foi um grande pensador , com suas obras arrojadas e contemporâneas, no seu tempo...

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